quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Azeitona, tua história para contar...



A todos os que caminham pelos olivais... andando, acompanhando, cuidando, colhendo, transformando e renovando (se)!

Ao azeite novo, a brilhar, uma história para nos contar...

Abraço, Maria




 



Sobre a Apanha da Azeitona:

Em Portugal, o período da apanha da azeitona vai de Outubro a Janeiro, variando consoante a diversidade das oliveiras, terrenos, clima e fenómenos meteorológicos do ano.
A sabedoria popular aconselha:

«Quem vareja pelo Natal
Fica-lhe o azeite no olival.
Quem azeite colhe antes de Janeiro
Azeite deixa no madeiro.»

Mas também...

«Para azeite sobrefino
Apanha-me no mês do Menino! (Jesus)»

...
 Em finais de Novembro
Azeitona fomos apanhar, 
Que o nosso olival
Não podia mais esperar!

São várias as condições adversas em que este trabalho decorre, por ser o período mais rigoroso do inverno e longas as distâncias entre os olivais e os locais de habitação. 
Os frutos da oliveira são colhidos à mão, e com auxílio de um ripo (pequeno pente de madeira de cabo curto, que se maneja com uma só mão). As azeitonas assim colhidas vão caindo sobre grandes panos (panais) colocados junto da oliveira, para o efeito. Este trabalho é feito com auxílio de escadas. 
Existem outros processos de apanha da azeitona, consoante as características dos olivais e do terreno, os hábitos e usos locais, mais modernos ou tradicionais (ex.º processos mecânicos de apanha por vibração; ou o varejo, feito com auxílio de varas compridas para varejar a azeitona). O varejo tem o inconveniente de destruir os ramos mais tenros da oliveira e assim diminuir a formação dos rebentos no ano seguinte. Se a vara não for flexível o suficiente e a pessoa que a maneja, hábil e sensível, tendo sempre a preocupação em bater os ramos da base para as pontas, os rebentos que têm de frutificar no ano seguinte sofrem pesadas mutilações.

Após a colheita, a azeitona é transportada dos campos para casa, antigamente à cabeça de mulheres, às costas de homens, em carros de bois ou no dorso de muares, hoje com tractores ou em carrinhas.

Nos alpendres das casas, em locais arejados, a azeitona colhida é limpa em joeiras (crivos ou cirandas), espécie de peneira para separar as folhas e ramos dos frutos.
Depois de limpa, procede-se ao seu armazenamento, em caixas ou ensacada, até ser transportada para o lagar.

Sobre a Extracção de Azeite:

Uma vez colhida, a azeitona é transportada para o lagar para ser laborada. Este processo é feito em caixas plásticas, a granel ou devidamente ensacada.
 No lagar seguem-se as seguintes fases no processo:

«1- Recepção: ao entrar no lagar, as azeitonas são analisadas e classificadas, de acordo com a sua variedade e estado de conservação;

2- Pesagem e lavagem: em contentores apropriados, procede-se à lavagem da azeitona, com água corrente, para separar as folhas, ramos e outras impurezas. Seguidamente é pesada e colocada em tapetes rolantes, a fim de ser conduzida para a moenda;

3- Moenda: a moenda consiste na trituração da azeitona, até formar uma pasta. Esta moagem é ajustada consoante o grau de maturação da azeitona, para uma melhor extracção do azeite; 
4- Termobatedura: a massa da azeitona, resultante da moenda, é batida e aquecida, simultaneamente, numa termobatedeira, a temperaturas que podem variar entre os 30/40 graus;
 5- Extracção: a extracção é feita numa linha contínua de 2 fases. A massa da azeitona passa numa centrífuga (decanter horizontal de 2 fases) que separa o azeite do bagaço;
6- Azeite: o azeite segue para outra centrífuga (vertical) para o isentar de impurezas;
7- Bagaço: ao bagaço é-lhe retirado o caroço para queimar na caldeira. O resto da massa é colocado numa estufa para posterior valorização;
8- Verificação, armazenamento, enchimento e entrega: o azeite obtido é verificado quanto ao seu grau de acidez. É armazenado em depósitos e entregue ao produtor.
Ou, também, e à medida das necessidades, é loteado, filtrado, engarrafado e rotulado, numa linha própria para o efeito, sendo depois comercializado.»

 Um agradecimento especial ao Lagar Monticoop, que nos recebeu nas suas instalações e demonstrou como este processo se desenrola.

Mais informação sobre a apanha da azeitona e o azeite: «Tecnologia tradicional do azeite em Portugal». Benjamim Pereira. Ed. Centro Cultural Raiano, Idanha-a-Nova. Julho 2005.

domingo, 4 de novembro de 2012

Santórios



Quando era criança ia sempre pedir os Santórios na minha aldeia. 
Logo de madrugada encontrávamo-nos no adro da Igreja e aí íamos nós de porta em porta, aos bandos...

Partilho, os Santórios de 2012, entre a Beira e o Alentejo (Portugal), 
com Papas de Milho Doce, Broas de Mel, Romãs, Marmelos e Maçãs :)

E um grande Bem-Haja.
A todos,
A quem caminha, ainda, pelos Santórios
enchendo as suas sacolas com laços, raízes e tradição.
 A quem dá e a quem recebe, 
com generosidade e paixão.
A quem transforma a partilha, 
num abraço único de harmonia, força e renovação
que enche o coração.
 Maria


 


Mais informação:

Sobre os Santórios!

«Dia 1 de Novembro, há crianças que nas aldeias de Portugal agarram em sacos de pano, logo de manhã bem cedinho, e vão pedir os "Santórios", de porta em porta.
Nos seus sacos vão cair broas, castanhas, romãs, maçãs... ou ainda outras dádivas, conforme a vontade das pessoas a quem são pedidos...

E sem esquecer as cantilenas:

"Truz! Truz! Truz!
A senhora que está lá dentro
Assentada num banquinho
Faz favor de s'alevantar
P'ra vir dar um tostãozinho..."

(quando os donos da casa dão alguma coisa)

"Esta casa cheira a broa
Aqui mora gente boa.
Esta casa cheira a vinho
aqui mora algum santinho."

(quando os donos da casa não dão nada)

"Esta casa cheira a alho
Aqui mora um espantalho..."»


"Em tempos muito remotos, no dia de Todos os Santos - Sanctorum - distribuía-se uma espécie de pão bento. Daí, dos Sanctorum, provirá o nome de Santoros ou Santórios e o costume. (...) Nos Açores, chamam Pão de Deus, provindo tal designação do pão bento que era distribuído aos pobres em eras remotas." (Bento Lopes)

"Moisés Espírito Santo divide as festas e cerimónias agrárias em três grandes ciclos, estreitamente relacionados com o trabalho agrícola e o espírito comunitário aldeão:

1º) O ciclo da germinação ou a morte colectiva
(Carnaval, «Testamento de Judas» e «Serração da Velha»);
2º) O ciclo da floração ou o despertar
(Páscoa, Festa da Espiga, Festa da Sesta e Fogueiras de Junho);
3º) O ciclo das colheitas ou da partilha
(descamisadas, Todos os Santos, São Martinho, noites de fim do ano).
«As festividades do ciclo da germinação representam uma ruptura na consciência colectiva do grupo.
Desde o princípio da floração, o grupo refaz progressivamente a sua unidade, a partir de bases novas e de novas uniões matrimoniais ou sentimentais, para se encontrar em plena harmonia no princípio das colheitas, momento a partir do qual tentará a sua sobrevivência, graças à partilha.
Deste modo, as festividades aldeãs, através da arte popular, representam o ciclo completo da vida: nascimento, morte e renascença do grupo, e que é paralelo ao trabalho agrário, de que depende a comunidade.»"
(http://documentos.aguim.net/artigos/tradicoes.html)


"Ciclo da Colheita e da Partilha...
Ao começo do Inverno, a construção do calendário cristão associou o Dia de Todos os Santos (dia 1) e o dia de Fieis Defuntos (dia 2).
Durante este período, as comunidades intensificam as relações dos seus membros numa auto-referência a si próprios, numa centripetria dos grupos, ao mesmo tempo que se abrem para formas diversificadas de comunicação com os seus antepassados - os mortos, aqueles que traduzem a comunidade na sua maior amplitude e na sua maior profundidade, e de certa forma dão sentido à comunicação dos vivos, por lhe devolver a identidade das suas origens, da sua inserção e da ancoragem no tempo.
Deste modo, prevaleciam as ofertas de natureza alimentar dos padrinhos para afilhados e dos afortunados ou generosos aos pobres e às crianças que, de cesta no braço ou sacola ao ombro, pediam o santoro de rua em rua, de porta em porta..."
(http://www.cm-idanhanova.pt/media/21053/G19J1Z2L_CATALOGO_DOCES.pdf)


Sobre o Samhain e o Halloween!


A Festa ou festival de Samhain comemora a passagem do ano dos Celtas, de 31 de Outubro para 1 de Novembro. Marca o fim do ano velho e o começo do ano novo. Noite do fogo novo e da inspiração. (Borda D'Água)

Celebração Celta, com grande influência na Galiza e Norte de Portugal.
Nesta noite, os Celtas, povo com profundas crenças na imortalidade da alma, acreditava numa comunhão com o espírito dos seus antepassados.
Na Galiza e Norte de Portugal, faziam-se fogos sagrados com ramos de sorveira brava e teixo com que se alimentavam as lareiras das casas. Também se usavam cabaças iluminadas por dentro.
Vários séculos depois, esta tradição, que ainda se mantém, tem continuidade nas festas de Halloween, que se expandiram para os Estados Unidos, Canadá e Austrália, levadas pelos ingleses e irlandeses no século XIX.







terça-feira, 9 de outubro de 2012

Castelos da minha aldeia...



Do castelo da minha aldeia vejo
outro castelo a espreitar...
E tudo quanto vejo,
pode em terra, na água e no ar
sonhar e alcançar...

No "Dia Nacional dos Castelos", os castelos a espreitar :)
Abraço, Maria


 


E o que mais andará por aí "escondido", no ar, de um olhar?...

 

"O castelo de Almada terá origem árabe, facto comprovado por uma referência do geógrafo Edrisi, datada do século XII, onde aparece referido como “Hosnel-Madan” (fortaleza da mina).

A grande importância estratégica de Almada durante o período da Reconquista prende-se com a possibilidade de concentração em local fortificado frente a Lisboa, favorecendo ataques com êxito a essa cidade. Almada situava-se portanto numa zona de combates e retaliações. (...)" (União das Freguesias de Almada, CP, P., C. in https://www.uf-acppc.pt/territorio/patrimonio/1973-castelo-de-almada)

Fortaleza da Mina. Mas que mina? E qual a extracção que lá se faz?... (Da Origem do Topónimo ALMADA. Sebastião Caldeira Ramos. Almada, 1ª edição, 1991, com o apoio da Câmara Municipal de Almada; pp.60 e seguintes)

 

Do topo da colina do castelo de S. Jorge, avisto Lisboa e o Tejo e tudo quanto o ver e o olhar pode em terra, água e ar...

 

"(...) A escolha do local justificou-se pelas naturais condições de defesa e de vigilância, sobre o Tejo e as terras em redor a perder de vista, oferecidas pelas acentuadas escarpas que sustentam a colina a Norte e Oeste. Estas características também determinariam, mais tarde, o local escolhido para a construção do castelo.... Encontram-se os vestígios mais antigos de ocupação da área circunscrita pelo Monumento Nacional e que remontam ao séc. VII a.C., à Idade do Ferro, época em que provavelmente aí se localizava um povoado fortificado. (...)" (História do Castelo de São Jorge in https://castelodesaojorge.pt/site/pt/historia/)

Este castelo, como quase todos os outros, é entendido como um monumento muito "mexido" e com pouco interesse. (...) Por defeito ou feitio, a maior parte dos arqueólogos costuma caminhar com os olhos postos no chão. Num dia do Verão passado... Ninguém parecia ter reparado num texto gravado numa parede do monumento mais visitado do país... (Crónicas do castelo de São Jorge in https://www.nationalgeographic.pt/index.php/historia/grandes-reportagens/585-castelo-sao-jorge)

terça-feira, 2 de outubro de 2012

A Boa Sorte ~ Good Luck


"Trevo", concha ou estrela mágica, "Merlim" ou Nautilus (como lhe chamei), "bosque", mar ou céu encantado, a história da Boa Sorte... "que nunca chega às mãos por acaso" e que, entre outras, apela à criação... de circunstâncias às oportunidades, sempre presentes e dependentes apenas de nós. Procurando-as nos pormenores aparentemente desnecessários... mas imprescindíveis! Com dedicação, paciência, persistência e confiança. E, sobretudo, em que os demais também fiquem a ganhar!


"Good Luck is a whimsical fable that teaches a valuable lesson: good luck doesn't just come your way - it's up to you create the conditions to bring yourself good luck..." and in which others also stand to gain!


Um agradecimento especial ao Luís Cochofel, por ter sugerido e inspirado a leitura da "Boa Sorte"
e esta caminhada :)
Abraço a todos,
Maria